Influenciadoras evangélicas crescem nas redes com conteúdos entre looks do culto e testemunho de fé

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“Look do dia” e “arrume-se comigo” são tendências nas redes sociais há um bom tempo. Hoje, cada vez mais, para parte dos usuários, as tags ganharam contornos religiosos e se transformaram em “look do culto” e “arrume-se comigo para ir ao culto”. As responsáveis são influenciadoras que cuidam da aparência externa e falam disso em suas contas, mas direcionam suas publicações para cristãs evangélicas – algumas católicas também.

Segundo o o Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 1990 e 2010, a proporção de pessoas evangélicas subiu de 9% da população em 1990 para 22,2% em 2010 (o recorte do Censo de 2022 não foi divulgado).

Apesar de o número de evangélicos aumentar, ainda é comum ouvir que este público seria um nicho ou que mulheres cristãs teriam um visual menos cuidadoso. “As pessoas ainda têm esse preconceito de que cristão se veste de forma brega, não sabe se vestir, não tem roupa adequada”, conta a também influenciadora Yarla Bruna (@yarlabruuna), 27.

Yarla prefere acreditar que é possível se arrumar sem perder a elegância e, ainda assim, dar testemunho de sua fé. “Eu amo quebrar esse tabu e trazer (para as redes) que, sim, nós cristãs podemos ser bem arrumadas e nos manter firmes nos nossos princípios”, continua. Ela relata não ter dificuldade entre equilibrar a vida religiosa e a exposição nas redes, mas também se esforça em não aceitar trabalhos que possam colocar em dúvida as suas seguidoras.

Influenciadora Thais Santos: fé, moda, beleza e cuidados com a pele juntos. Foto: Montélo Fotografia/Divulgação

A criadora de conteúdo Thais Santos (@blogthaissantos), 29, conta que é mais comum receber comentários negativos sobre o trabalho de blogueira de moda do que de outros conteúdos. “Tem pessoas que muitas vezes não se aproximam ou tem preconceito e fazem aquele tipo de piada: ‘ah, é blogueirinha’, meio que menosprezando o nosso trabalho, achando que é um hobby”, conta. “E eu gosto muito de falar sobre beleza, de estética, cuidados com a pele e com os cabelos.”

A influenciadora Renata Castanheira, 45, começou a falar de moda para mulheres evangélicas em um blog que ela criou em 2013. O nome era o mesmo da arroba dela no Instagram, @crentechic, e a ideia era mostrar roupas e produtos que ela usava. Tudo era feito despretensiosamente, sem pensar que viraria trabalho. Nascida e criada em uma família cristã, Renata fazia o blog enquanto trabalhava em uma empresa de telefonia. “Eu continuava trabalhando e as marcas começaram a me chamar para trabalhos, até que meu esposo me falou para trocar de carreira”, lembra.

A vida dela mudou. Com o apoio do marido, com quem é casada há 27 anos – e com quem tem dois filhos -, Renata passou a se dedicar exclusivamente às suas publicações voltadas a suas “irmãs” religiosas. “Nesse mercado eu sou uma das pioneiras, então não conhecia ninguém para pegar referência”, explica. Ela é uma das maiores influencers deste meio hoje no País, com mais de 400 mil seguidores.

A influenciadora Renata Castanheira publica conteúdos de moda para suas mais de 400 mil seguidoras. Foto: Renata Castanheira/Acervo Pessoal

As três dizem que não recebem mensagens de ódio por suas convicções religiosas. “Até porque as pessoas vão me seguir por concordar com o que eu gosto e com o que acredito”, continua Thais. “Mas também eu não falo muito sobre meu dia a dia, não faço pregação ou falo muito sobre coisas religiosas”, diz Renata, que prefere manter seu testemunho religioso nas suas ações e no seu trabalho levado a sério.

Servindo dois senhores? De forma alguma

Elas contam que estar no Instagram dessa forma também é uma maneira de dar testemunho de sua fé. “Eu sou a mesma pessoa dentro e fora da igreja, meu testemunho é o que eu falo, minhas vestes”, admite Renata.

Yarla, por exemplo, relata que já chegou a pensar em desistir, mas recebeu uma mensagem de uma seguidora contando que conseguiu passar por uma depressão mais facilmente depois de conhecê-la. “Ela me contou um pouco de sua história e que minha maneira de viver trouxe a ela ânimo para cuidar da casa, se vestir, ler a palavra, fazer devocional, foi como uma resposta de Deus para que eu pudesse continuar, porque muitas vidas estavam sendo alcançadas”, diz a jovem.

Fonte: Estadão

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